Êxodo 34.28 — OS DEZ MANDAMENTOS

Os "Dez Mandamentos" se encontram no capítulo 20 de Êxodo.
A expressão "Dez Mandamentos", em que "Mandamentos" é "dabar", que quer dizer palavra(s), fala(s), discurso(s), promessa(s), mandamento(s), aparece em dois lugares da Bíblia. Em:
 
Deuteronômio 4.13 — "Então, vos anunciou ele a sua aliança, que vos prescreveu, os dez mandamentos, e os escreveu em duas tábuas de pedra".
 
e
 
Deuteronômio 10.4 — "Então, escreveu o SENHOR nas tábuas, segundo a primeira escritura, os dez mandamentos que ele vos falara no dia da congregação, no monte, no meio do fogo; e o SENHOR mas deu a mim".
 
A entrega desses mandamentos foi precedida por um conjunto de ações que visavam purificar o povo para receber verdades tão puras.
Foram inspirados por Deus a Moisés. Foram falados.
Quando Moisés reportou estas palavras, as pessoas "disseram a Moisés:
— Fala-nos tu, e te ouviremos; porém não fale Deus conosco, para que não morramos" (Êxodo 20.19).
Convencidos por Moisés, fizeram uma aliança com Deus, como lemos:
 
"Veio, pois, Moisés e referiu ao povo todas as palavras do SENHOR e todos os estatutos; então, todo o povo respondeu a uma voz e disse: Tudo o que falou o SENHOR faremos" (Êxodo 24.3).
 
Depois disso, após Moisés voltar ao monte, Deus escreveu as Dez Palavras em duas tábuas (Êxodo 31.18 e 32.16).
Quando Moisés desceu, tendo demorado lá em cima, viu o que estava acontecendo. Enquanto as Dez Palavras eram escritas por Deus no alto, o povo na planície o desobedecia, fundindo e adorando um bezerro de ouro.
Irritado, Moisés, quebrou as duas tabas com as Dez Palavras, tão logo viu a imagem de escultura, copiada toscamente do que o povo de Israel vira no Egito politeísta.
Castigado o povo, Moisés voltou, convocado, ao monte. Levava nas mãos duas novas tábuas sem nada (obviamente) escrito (Êxodo 34.4). Moisés "esteve com o SENHOR 40 dias e 40 noites; não comeu pão, nem bebeu água; e escreveu nas tábuas as palavras da aliança, as dez palavras" (Êxodo 34.28).
Essas Dez Palavras ficaram conhecidas como Dez Mandamentos". Sobre eles, pensaram alguns  cristãos:
 
1
(Agostinho de Hipona, 354-430)
"Não é que devemos guardar os Mandamentos de Deus primeiro, para que, então, ele nos ame, mas Ele nos ama e então guardamos seus mandamentos. Esta é a graça que é revelada ao coração humilde e sem orgulho".
 
2
(Martim Lutero, 1483-1546)
"Quantos tipos de leis Deus nos deu no Antigo Testamento? Foram três tipos:
1, A lei cerimonial.
2. A lei civil.
3. A lei moral.
Qual delas permanece?
A lei moral, que está contida nos Dez Mandamentos. Não pode esta lei ser abolida? Não, porque ela se baseia na natureza santa e justa de Deus".
 
3
(João Calvino, 1509-1564)
"A lei é uma espécie de espelho. Diante de um espelho descobrimos todas as manchas em nosso rosto. É por isto que na lei contemplamos, em primeiro lugar, a nossa incapacidade; depois, em consequência disto, a nossa iniqüidade e, por último, a maldição, como consequência de ambos. Aquele que não tem poder de seguir a justiça, necessariamente, mergulhou na lama da iniquidade e esta maldade é imediatamente seguida pela maldição. Assim, quanto maior for a transgressão do que a Lei nos convence, mais grave é o julgamento a que estamos expostos. (…) Somos inteiramente dependentes da mão de Deus (…), renunciando a toda justiça e mérito e nos agarrando tão somente à graça, como oferecida em Cristo a todo que aquele que a deseja e busca pela verdadeira fé".
 
4
(John Wesley, 1703-1791)
"A lei moral contida nos Dez Mandamentos e reforçada pelos profetas não foi descartada por Jesus Cristo. Não foi seu propósito vir para revogar nenhuma parte dela. Esta é a a lei que nunca pode ser quebrada. Cada parte desta lei deve permanecer em vigor para toda a humanidade e em todos os tempos, não dependendo de tempo, lugar e circunstância, mas da natureza de Deus e da natureza do homem, no relacionamento imutável entre eles".
 
5
(Matthew Simpson, 1811-1884)
"A lei sem o Evangelho é escuridão e desespero. O Evangelho sem a lei é ineficaz e sem poder".
 
6
(D.L. Moody, 1837-1899)
"Os homens até podem contestar aquelas partes da Bíblia de que não gostam, mas nunca conheci um homem honesto que tenha encontrado uma falha nos Dez Mandamentos."
 
7
(G. Campbell Morgan, 1863-1945)
"As Dez Palavras do Sinai não foram Dez Mandamentos separados, se relação entre si. Elas  foram dez lados da lei única de Deus. O ensino de Jesus revela o fato que esses mandamentos são tão interligados que, se uma pessoa falha num ponto, falha em toda a lei e, por extensão,  em sua própria humanidade. Estas palavras incorporam uma lei perfeita para vida nos dias de provação".
 
8
(Peter H. Eldersveld, 1911-1965)
"Não há nada de errado com a lei, mas há algo de errado conosco. Sabemos que devemos obedecer a lei, mas não obedecemos. Não faz sentido descartar a lei só porque nós a quebramos. Aliás, não podemos descartá-la, do mesmo modo que não podemos descartar a lei da gravidade". (…) Nenhum legislador humano poderia ter dado à luz um lei como a que encontramos no decálogo. Eles são uma lei perfeita ".
 
9
(Zig Ziglar, 1926-2012)
"Se Deus quisesse que vivêssemos numa sociedade permissiva, ele nos teria dado Dez Sugestões e não Dez Mandamentos".
 
 
10
(William Douglas, 1967-)
"Os dez mandamentos promovem a liberdade responsável, a generosidade, a tolerância, a justiça social, a saúde das relações sociais, enfim, promovem a qualidade de vida e o sucesso em seus mais amplos sentidos".
Assim, esses homens receberam os Dez Mandamentos. E nós: com os temos vivido?
Podemos dizer que os primeiros ouvintes/leitores tiveram reações contraditórias: eles admiram os Dez Mandamentos e os desobedeceram.
Não podemos agir como esses primeiros ouvintes.
Quando os lemos, notamos que os quatro primeiros concentram-se no nosso relacionamento com Deus. Os demais 6 tratam da vida em sociedade.
Que fazemos com eles?
 
1. Devemos tomar cuidado para não agir como os primeiros ouvintes.
Lembremo-nos do que disseram a Moisés: 
— Fala-nos tu, e te ouviremos; porém não fale Deus conosco, para que não morramos. (Êxodo 20.19).
Eles ficaram encantados com os Dez Mandamentos, mas os acharam elevados demais. Preferiam, pelo menos em alguns momentos, "a alegria do pecado", como na seguinte canção brasileira recente:
 
"Carne e osso 
(Zélia Duncan / Moska)
 
A alegria do pecado
Às vezes toma conta de mim
E é tão bom não ser divina
Me cobrir de humanidade me fascina
E me aproxima do céu
 
E eu gosto
De estar na terra
Cada vez mais
Minha boca se abre e espera
O direito ainda que profano
Do mundo ser sempre mais humano
 
Perfeição demais
Me agita os instintos
Quem se diz muito perfeito
Na certa encontrou um jeito insosso
Pra não ser de carne e osso
Pra não ser carne e osso".
 
Quando lemos a Bíblia, aprendemos que somos chamados para ser santos, perfeitos, divinos, mesmo em nossas limitações. Deve ser o nosso alvo ou não vale a pena viver.
 
2. Devemos memorizar os Dez Mandamentos.
Em sua forma sintética, eles nos faz dez proibições:
 
OS DEZ MANDAMENTOS
(Êxodo 20.3-17)
 
Mandamento 1: "Não terás outros deuses diante de mim!" — verso 3)
 
Mandamento 2: "Não farás para ti imagem de escultura!" — verso 4)
 
Mandamento 3: "Não tomarás o nome do SENHOR, teu Deus, em vão!" — verso 7)
 
Mandamento 4: "Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. — verso 8)
 
Mandamento 5: "Honra teu pai e tua mãe!" — verso 12)
 
Mandamento 6: "Não matarás!" — verso 13)
 
Mandamento 7:  "Não adulterarás!" — verso 14)
 
Mandamento 8: "Não furtarás!" — verso 15)
 
Mandamento 9:  "Não dirás falso testemunho!" — verso 16)
 
Mandamento 10:  "Não cobiçarás!" — verso 17)
 
 
3. Devemos afirmar que os Dez Mandamentos são os princípios que Deus quer que conheçamos e vivamos.
Os princípios são eternos, embora eles se configurem em normas ou regras.
Precisamos de regras para viver.
A criança sem regras bem definidas não sabe por onde ir. O adolescente sem regras pensa que não é amado. O jovem sem regras não  sabe o que não pensar. O profissional sem regras não tem esperança de crescer.
Precisamos de regras.
Um mundo em que tudo pode não faz bem a ninguém.
Como disse Zig Ziglar, "se Deus quisesse que vivêssemos numa sociedade permissiva, ele nos teria dado Dez
 
4. Devemos reconhecer que os Dez Mandamentos alcançam todas as áreas da vida.
São um retratos de nós mesmos. Como escreveu Calvino, "a lei é uma espécie de espelho. Diante de um espelho descobrimos todas as manchas em nosso rosto".
Os Dez Mandamentos são, portanto, avisos contra as principais tendências humanas pecaminosas:
 
.. tendemos a seguir os deuses que nos atendam em nossas necessidades (Mandamento 1: "Não terás outros deuses diante de mim!" — verso 3).
.. tendemos a desejar um deus que possamos tocar (Mandamento 2: "Não farás para ti imagem de escultura!" — verso 4)
.. tendemos a prometer sem pensar em cumprir (Mandamento 3: "Não tomarás o nome do SENHOR, teu Deus, em vão!" — verso 7).
.. tendemos a esquecer o que é importante, idolatrando o trabalho (Mandamento 4: "Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. — verso 8).
.. tendemos a desprezar aqueles a quem devemos o que somos: nossos pais (Mandamento 5: "Honra teu pai e tua mãe!" — verso 12).
.. tendemos a eliminar quem nos incomoda (Mandamento 6: "Não matarás!" — verso 13).
.. tendemos a seduzir ou nos deixar seduzir sexualmente por corpos que nos interessam (Mandamento 7:  "Não adulterarás!" — verso 14).
.. tendemos a nos apropriar do que não nos pertence (Mandamento 8: "Não furtarás!" — verso 15).
.. tendemos a mentir, se nos for vantajoso (Mandamento 9:  "Não dirás falso testemunho!" — verso 16).
.. tendemos a querer o que pertence aos outros (Mandamento 10:  "Não cobiçarás!" — verso 17).
 
Os Dez Mandamento são proibições, falemos claramente.
 
5. Devemos saber que há bênçãos na obediência, bem como há desgraças na desobediência.
O que queremos?
 
ISRAEL BELO DE AZEVEDO
 
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