Romanos 3.9-28: A QUEDA

A QUEDA
Romanos 3.9-28

2006

1. UM RETRATO DO HOMEM
Romanos 3 apresenta um retrato do ser humano. Gostaríamos que fosse outro o rosto que vemos neste retrato, mas é este (Romanos 39b-18), transcrito por Paulo de outras fontes.
 
Quando diz que “tanto judeus quanto gentios estão debaixo do pecado” (9b), Paulo relembra (e seria preciso?) a inclusividade do pecado. Todos, crianças e adultos, homens e mulheres, brasileiros e estrangeiros, o cometem. Ele faz parte do ser humano.
Em seguida, o apóstolo, lançando mão da Bíblia que ele conhecia — o Antigo Testamento –, relaciona alguns destes pecados, que apenas demonstram que não há sequer uma pessoa justa, isto é, uma pessoa que não tenha pecado, sobre a face da terra, exceto o Justo Jesus.
 
No entanto, religiões e ideologias dizem o contrário: que o ser humano é bom. Alguns chegam a dizer que estamos caminhando para um mundo melhor, graças ao esforço humano. Outros reclamam que dizer que “todos” pecaram é uma generalização, porque alguns podem não pecar. Outros sustentam sua argumentação na afirmação de que não existe pecado; há, no máximo, erros e equívocos. Tudo aquilo que uma pessoa faz com amor não é pecado.
Os argumentos são vários. No entanto, a Bíblia diz que o pecado faz parte da condição humana.
 
 
2. POR QUE ALGUNS NÃO SÃO SALVOS?
Ao mesmo tempo, a Bíblia diz que onde habita o pecado está presente também a graça.
E o que é a graça? A graça é uma oferta; por ela, manifesta em Jesus na cruz, Deus oferece a salvação a todos.
Quando uma loja anuncia um produto e este, por sua qualidade ou preço, vem a lhe interessar, você vai até lá, vê as condições e, se for o caso, paga o preço do produto para que ele passe a ser seu. É assim com toda a mercadoria. Não é assim com a graça que salva. O único ponto em comum é a oferta. Não há esforço a ser feito. Não há preço a ser pago. Tudo já foi feito por Jesus Cristo. Basta-lhe pegar a graça.
Se é tão simples, por que muitos não pegam a graça da salvação?

Sugiro algumas respostas:

2.1. Alguns preferem a fantasia à realidade da pecaminosidade universal. São aqueles que, mesmo vendo a crueza pervasiva do pecado, insistem em achar que o mundo não pode ser isto, que o homem não pode ser isto, que estamos sendo pessimistas demais. [O caso dos lideres indígenas, em Rondônia, como carros possantes e sua aldeia morrendo na subnutrição; carros obtidos em troca de madeira ilegal] O Evangelho começa com esta certeza: todos [indígenas, idosos, jovens, juniores, adolescentes, homens, mulheres] pecaram e estão destituídos [afastados] da glória de Deus. O Evangelho não pára aí: todos os que crêem são justificados [perdoados, tornados justos] gratuitamente por sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus” (Romanos 3.23-24).

2.2. Outros preferem concordar com a ideologia dominante no mundo, de que há outros caminhos além de Jesus Cristo para a redenção do ser humano. Se o caminho é religioso, há outras religiões: o importante é cada um ter a sua, para transcender — este é o pensamento vendido como verdade. Se o caminho é outro, há a arte.

2.3. Outros preferem acreditar na possibilidade da auto-salvação. Para uns, se seguimos os mandamentos de Deus, seremos honrados por Ele com a salvação. Para outros, as ações humanas de bondade e solidariedade são capazes de purificar o coração humano. Não é preciso um Salvador; o homem se salva a si mesmo. O resumo do pensamento da auto-salvação é simples: eu preciso fazer alguma coisa. É como se Deus não fosse capaz de nos oferecer de graça algo tão extraordinário quanto a graça. Para todos estes, deve soar cristalina a mensagem paulina: “Portanto, ninguém será declarado justo diante dele baseando-se na obediência à Lei, pois é mediante a Lei que nos tornamos plenamente conscientes do pecado” (…) Pois sustentamos que o homem é justificado pela fé, independente da obediência à Lei. (Romanos 3.20, 28).

2.4. Outros preferem o desespero. Eles aceitam a maldade humana e põem tanto peso nela que não vêem mais lugar para a redenção. Alguns particularizam a experiência universal e, diante dos seus próprios pecados, não vêem que possa haver salvação para eles. Do ponto de vista da lógica humana, não há mesmo alternativa ao desespero; foi por isto que Deus ofereceu Jesus Cristo como sacrifício para propiciação mediante a fé, pelo seu sangue, demonstrando a sua justiça (…)  a fim de ser justo e justificador daquele que tem fé em Jesus” (Romanos 3.25-26).
 
3. EM QUE FALHAM OS SALVOS?
Graças a Deus, muitos têm aceito a oferta, experiência a partir da qual suas vidas têm um centro, que é Jesus Cristo.
Paulo sabia que o Evangelho é tão poderoso que pode ser perigoso. Por isto, ele é tão firme quando o apresenta e quando nos adverte quanto aos riscos. Menciono alguns deles:
 
3.1. A tentação do esoterismo
Paulo conviveu com um tipo de esoterismo muito sedutor. O do seu tempo dizia que a fé era uma espécie de conhecimento. Quando alguém travava conhecimento com a luz desta fé, bastava ficar exposto a ela para ser alcançado e ser inscrito no rol dos salvos.
É possível que haja cristão com este tipo de cristianismo. Não! Isto não é cristianismo: ser cristão é ter um encontro pessoal com uma pessoa, Jesus, o Filho de Deus. Não basta conhecer a Bíblia. Não basta concordar com a Bíblia. Ser salvo é sentir o peso do pecado e ser livre deste peso pela obra expiatória de Jesus Cristo. Jesus não nos revela o que há de bom em nós, como ensina o esoterismo; Jesus nos revela o que há de mal em nós e nos livra deste mal por sua ação.

3.2. A tentação do legalismo
Parece que Paulo escreve todas as suas cartas para combater o legalismo. Parece que Jesus teve um inimigo o tempo todo, o legalismo, personificado no farisaísmo do seu tempo. Por que? Porque o legalismo é a crença de que o homem pode se salvar a si mesmo.
Até o cristão, que já experimentou que isto não é verdade, pode cair de novo neste equívoco. Para o homem, é difícil reconhecer a sua insuficiência; o cristão crê na suficiência de Cristo, mas tende a projetar uma sombra na cruz: um sábado, um jejum, um voto, um esforço qualquer. O resultado é culpa, porque ninguém consegue cumprir os ditames da lei; foi por isto que Deus enviou o seu Filho, para que a lei não fosse mais necessária para a salvação. Na cruz, a lei perdeu o seu efeito, que já era pífio. A lei é ótima para nos revelar o pecado, mas não faz nada para nos oferecer a redenção.
 
3.3. A tentação da jactância
Este legalismo enrustido no cristão produz uma jactância; no caso antigo, era uma vangloria baseada no conhecimento e na prática da lei mosaica; no caso novo, no caso cristão, até hoje, é uma vangloria fundada na posse da salvação. A jactância cristã tem a seguinte redação secreta: “a graça me alcançou, graças a mim”. É como se a salvação fosse uma resposta de Deus ao valor do crente, cujo único discurso devia ser o de Paulo: “Miserável homem que sou” (Romanos 7.24).
Há cristãos que olham para os não cristãos do alto de um pedestal, como se estivessem num pedestal… Neste sentido, a única vantagem do cristão é saber que é pecador e que pode cair a qualquer hora, porque sabe que a queda ainda  tem efeitos.

3.4. A tentação do libertinismo
Há um outro raciocionio não dito, mas feito: “se a lei não salva e eu estou salvo pela graça, posso quebrar todas as leis, que não serei cobrado”. O libertinismo é o maior ladrão de alegria do cristão. Sua tentação é muito forte; seu prejuízo é devastador.

4. O QUE FAZER COM A SALVAÇÃO OFERECIDA POR JESUS CRISTO?
O que fazer, então, com a salvação oferecida por Jesus Cristo?
Os cristãos sabem o que fazer, porque já fizeram o principal.
Se você ora como o fariseu (“graças te dou, Senhor, porque não sou como os não-cristãos”), peça perdão a Deus. Se você tem se orgulhado de sua salvação, peça perdão a Deus. Se você tem vivido de modo a envergonhar o Evangelho, peça perdão a Deus. Se você não tem anunciado o Evangelho da graça, com palavras e ações, peça perdão a Deus.

Quero falar com aqueles que ainda não se deixaram invadir pela graça de Jesus. Se você quer saber o que fazer para recebera salvação oferecida por Jesus, eis o caminho a ser percorrido.

4.1. Tenha uma visão bíblica acerca de sua natureza.
Você é pecador. Admita que você é pecador. Não se engane a si mesmo.
 
4.2. Tenha expectativas realizáveis para a sua vida.
Não fique desesperado com o que a Bíblia afirma a seu respeito. Essa é apenas a primeira parte da notícia. A segunda é que a esperança é possível para quem confessa o seu pecado.
Não ache que não vai pecar. Você não é diferente de Adão. Este tipo de expectativa só produz culpa, nunca liberdade.
Não ache que não vai deixar um pecado que o acompanha. Você não vai deixá-lo; ele é que vai deixá-lo, se você o confessar a Jesus, que o purificará dele. Um  dos efeitos do pecado original (ou queda) é a baixa auto-estima, a convicção que alguém tem de que não tem nenhum valor. Você tem tanto valor que Jesus morreu por você, para que você, criado por Deus, seja salvo. Um dos recursos que Satanás usa para nos destruir é soprar em nós expectativas que não podemos realizar; ele fica feliz quando dizemos: “não vou conseguir”, ou “ninguém gosta de mim”.
 
4.3. Aceite a redenção oferecida por Jesus Cristo.
Creia que a  redenção dos seus pecados é possível. Creia que o Redentor lhe ofereceu o perdão na cruz. Creia que este perdão continua disponível para você. Creia que, perdoado, você pode ter uma vida com qualidade, que é a verdadeira vida cristã.
Deixe que Deus declare você justo, por meio da fé que você tem em Jesus Cristo.
Comprometa-se com o Deus que  se compromete com você, ao ponto de oferecer seu Filho em sacrifício por você.

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